Uma goleada inglesa. Nas arquibancadas

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Publicada em 22 de junho de 2002
O Estado de S. Paulo

EDUARDO NUNOMURA
Enviado especial
SHIZUOKA, Japão – Verdade seja dita, o Brasil perdeu de goleada nas
arquibancadas. Do começo ao fim do jogo, os ingleses foram implacáveis no
apoio à sua seleção e silenciaram a torcida brasileira. Deram uma aula de
como se deve torcer num estádio. Até o último minuto e já fora da Copa,
esperaram para se despedir dos jogadores da Inglaterra, que deixaram o campo
sob aplausos. Do lado brasileiro, restou mais uma vez o festivo, mas
desafinado, samba da Copa.
“Onde estavam os brasileiros?”, tripudiou ao final da partida o inglês Paul
Middleton, de 27 anos. “É verdade. Eles não puderam competir com os quase 10
mil ingleses que estavam no estádio”, emendou. Além da torcida mais
numerosa, eles contaram com o apoio dos japoneses.
“A torcida brasileira estava muito quieta, talvez com medo de que fôssemos
hooligans. Cadê o samba?”, indagou Darren O’Toole, de 26 anos.
Os ingleses tocaram na ferida: o samba está mesmo diferente. “Esta Copa é
muito cara para os brasileiros”, tentou explicar o dentista de Taubaté
Daniel Bartolomeu Sbruzzi, de 54 anos. Nos jogos, ele já se fantasiou de
“Prima do Felipão” e “Enfermeira do Ronaldo”. Tudo para chamar a atenção
para o jeito verde-e-amarelo de torcer. “Aqui ninguém acompanha, os
japoneses só querem tirar fotos ao nosso lado.” Fantasiada de índia, a
estilista de moda recifense Susie Barros, de 34 anos, perdeu a conta de
quantas vezes já apareceu em jornais e TVs de todo o mundo. Ela está em
todas, desde os jogos da primeira fase.
Invariavelmente, aparece sambando. Ou tentando algo do gênero. “Dá para
enganar os japoneses”, confessou. “O mais importante é a alegria. Aqui é
difícil porque sempre aparece alguém no meio com um ritmo diferente.”

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