Publicada em 10 de junho de 1998
Veja
Eduardo Nunomura
Em breve, telefonar para uma pessoa no exterior poderá custar quase o mesmo que fazer um interurbano dentro do próprio país. O truque é muito simples. Empresas vão aproveitar o sistema de transmissão de informações pela Internet, por meio do qual hoje é possível enviar mensagens escritas até para o Japão ao custo de uma ligação local, para transmitir também sinais de voz. Com isso, o preço de uma ligação de São Paulo a Paris, por exemplo, cairá de 1,77 real o minuto para até 60 centavos, dependendo da empresa prestadora de serviço. Nos Estados Unidos, o sistema já funciona de forma experimental. Grandes companhias telefônicas, como AT&T, MCI e GTE, estão fazendo testes em cidades como Atlanta, Boston e San Francisco.
No Brasil, o telefonema pela Internet também já está chegando. Uma empresa, a Televip (www.televip.com.br), oferece ligações mais baratas para 34 países. “A tecnologia da telefonia pela Internet já está pronta para entrar em operação no país”, diz Hitoshi Nagano, gerente de produtos da Lucent, que produz programas apropriados a esse tipo de serviço. Para o consumidor, a principal diferença é que, em vez de ligar diretamente para o número de destino, como se faz hoje, será necessário discar antes para uma central de computadores e fornecer uma senha de registro. O maior problema desse tipo de ligação, por enquanto, é a qualidade do som. Em momentos de sobrecarga da Internet, os diálogos são entrecortados e nem sempre se consegue reconhecer direito a voz de quem está falando. “Mas será sempre possível entender o que a outra pessoa está dizendo”, garante Anderson de Almeida André, gerente da 3Com, outra empresa que investe na área.
Custo reduzido — Tecnicamente, qualquer empresa provedora de acesso à Internet pode oferecer ligações a custo reduzido, mas nem todas tomaram a decisão de entrar no ramo. Esse tipo de serviço ainda não está regulamentado. A Comissão Federal de Comunicações, FCC, nos Estados Unidos, e a Agência Nacional de Telecomunicações, Anatel, no Brasil, realizam estudos para definir se devem ou não taxar as empresas que oferecem a telefonia pela Internet. Enquanto isso, elas fazem sua parte. A Global Link, empresa de telecomunicação americana, está investindo 1,2 bilhão de dólares para criar 1.008 “pontos mundiais de presença”, como eles chamam sua central telefônica. O primeiro ponto no Brasil será instalado em São Paulo ainda neste ano.
A empresa americana de telecomunicações Sprint anunciou na semana passada que vai oferecer em breve um serviço um pouco diferente, que também barateará em até 70% os custos de uma chamada. Em vez de utilizar a Internet para transmitir ligações telefônicas, a Sprint empregará um sistema próprio de cabos e canais de satélite. A grande novidade do seu serviço é permitir o múltiplo uso de uma mesma linha telefônica. Será possível, por exemplo, conversar por telefone com alguém ao mesmo tempo que a linha é ocupada pelo computador numa ligação com a Internet. Hoje é impossível fazer isso.