Cédula digital

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Publicada em 5 de agosto de 1998
Veja

Eduardo Nunomura
A urna eletrônica, novidade na eleição municipal de 1996, vai incorporar-se definitivamente à vida dos brasileiros a partir deste ano. No dia 4 de outubro, mais de 28 milhões de eleitores vão votar pela primeira vez sem o uso de cédulas de papel e caneta. A nova urna será utilizada em todas as cidades com mais de 40.500 votantes e em cada seção eleitoral do Distrito Federal e dos Estados do Rio de Janeiro, de Alagoas, Roraima e do Amapá. No total, 61 milhões de eleitores em 537 municípios usarão o equipamento. O número de cidades é quase dez vezes maior do que o de dois anos atrás.
Além de facilitar a contagem dos votos, a urna eletrônica está ajudando a derrubar alguns mitos sobre o Brasil. Um deles é de que os brasileiros não estão preparados para usar esse tipo de tecnologia. Nos meses que antecederam a estréia da nova urna, em 1996, previa-se que o número de votos brancos e nulos seria muito elevado. Dizia-se que, num país em que grande parte dos eleitores mal sabia ler, seria um desastre utilizar equipamento tão avançado. Aconteceu o oposto: nas urnas eletrônicas, o número de votos brancos e nulos foi menor, as fraudes eleitorais diminuíram e o tempo gasto na divulgação dos resultados encurtou.
Cola no bolso — O voto neste ano será um pouco mais complicado. Em 1996, a escolha foi apenas para prefeito e vereador. Agora, os eleitores terão de apontar seus candidatos preferidos para cinco diferentes cargos públicos. Além de presidente e governador, terão de eleger também senador, deputados federal e estadual. Cada um desses votos exige uma operação específica na urna eletrônica (veja quadro no topo da página). “A solução, para não errar, é o eleitor levar uma cola no bolso, com os números e os nomes dos candidatos de sua preferência”, aconselha o secretário de informática do Tribunal Superior Eleitoral, TSE, Paulo César Behering Camarão. No mês passado, uma eleição simulada em Jequié, na Bahia, mostrou que o tempo médio gasto por eleitor é de um minuto e vinte segundos.
A própria urna eletrônica também mudou. Na aparência, ela é igual à de dois anos atrás. A novidade está na sua capacidade de processamento, muito mais poderosa. Cada urna tem um processador Cyrix 180 MHz (equivalente a um Pentium 100 MHz, da Intel), uma bateria capaz de suportar até seis horas sem energia elétrica, uma impressora térmica embutida e dois cartões de memória de 15 megabytes. Tal configuração, muito parecida com a de um microcomputador, permitirá que, durante o voto, o eleitor reconheça a foto de todos os seus candidatos, do presidente ao deputado estadual. É uma evolução e tanto. No pleito passado só apareciam na tela de cristal líquido as imagens dos candidatos a prefeito.

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