Publicada em 16 de setembro de 1998
Veja
Eduardo Nunomura
A indústria tecnológica sempre procurou tornar os eletroeletrônicos menores e, não obstante, cada vez mais potentes. Enquanto computadores, aparelhos de som e outras máquinas melhoraram e diminuíram de tamanho, os monitores de vídeo das TV e dos computadores continuaram em formato de caixote. Até aí, contudo, a miniaturização está chegando. Os fabricantes começam a multiplicar o número de aparelhos com tela plana (as chamadas flat screens, em inglês). Com uma tecnologia diferente da de TVs convencionais, eles são mais leves, muito menores em espessura e possuem imagens melhores do que a dos monitores comuns. No caso dos equipamentos de TV, podem ser produzidos em formato retangular, como as telas de cinema. Demoraram a ocupar mais espaço no mercado porque custavam muito caro, cerca de 20000 dólares. A novidade é que, com o avanço da tecnologia, estão ficando mais baratos. Isso significa que, assim como aconteceu com os discos de vinil ou os computadores 386, as atuais TVs e telas de micro inexoravelmente irão tornar-se peças de museu.
A grande novidade dos novos produtos está na forma como a imagem é gerada. Nas TVs e nos computadores convencionais, o tubo de vídeo funciona como um canhão que dispara feixes contínuos de raios catódicos em direção a uma tela revestida de fina película de fósforo. Ao receber o bombardeio, o fósforo reage produzindo uma infinidade de pontos luminosos. É dessa forma que aparecem as imagens em movimento, no caso da TV, ou as letras de um texto, quando se escreve diante de um micro. As telas planas mudam isso por completo. Elas usam duas formas de reprodução. Uma é o cristal líquido, ou LCD (liquid crystal display). A outra é o plasma. Essas substâncias, que revestem os novos visores, permitem uma reprodução infinitamente melhor das imagens. Além disso, eliminam o tubo de vídeo porque o processo eletrônico gerador de imagens ocorre na própria tela, sem a necessidade do canhão de raios catódicos. O LCD foi desenvolvido inicialmente para as pequenas calculadoras. O monitor de plasma, de tecnologia mais recente, é vendido desde 1996. Nos dois casos, o problema sempre foi o preço. Um aparelho de vídeo de LCD custa de 1.200 a 4.000 dólares no Brasil. O de plasma sai por até 17000 dólares, preço do modelo da Fujitsu. No Japão, país onde foi lançado e que detém sua patente, no entanto, já são encontrados por preços equivalentes a 7000 dólares.
As telas de cristal líquido, que já vinham sendo utilizadas nos notebooks, possuem versões mais modernas com grandes vantagens sobre as anteriores. “Agora, sua resolução é melhor”, diz o diretor de marketing da fabricante LG Electronics, Mário Kudo. Antigamente, só era possível enxergar direito a tela de cristal líquido olhando-a de frente. Hoje, pode-se ver a imagem de maneira perfeita numa posição de até 60 graus. Outra vantagem é que os monitores de LCD não emitem radiação eletromagnética, como as TVs e computadores convencionais. Assim, pode-se permanecer mais tempo diante deles sem prejuízo à visão, o que é importante sobretudo para quem trabalha horas seguidas num micro. Além disso, eles são mais econômicos. Chegam a consumir até 60% menos energia que um monitor tradicional.
Alta definição — No Brasil, diversas empresas estão importando ou fabricando peças de cristal líquido. A Samsung começa a vender no mês que vem um modelo de 15 polegadas por 2.500 dólares. A LG Electronics já está comercializando o seu Studioworks 500LC por 4.000 reais. A Philips também está lançando um monitor, o Brilliance, por 1.900 reais. A ViewSonic possui o VP 150 com base removível, o que permite usá-lo pendurado na parede. Custa 4.500 reais. Duas opções mais baratas: o de 13 polegadas da Hansol, companhia coreana representada no Brasil pela Techsul, que custa 1500 dólares; e o Mitac, que será vendido pela representante Spark, a partir de novembro, por 1.350 dólares. Existe até uma fabricante brasileira de LCD: a Videocompo, cujo PanoView 600, de 12 polegadas, custa 1.200 dólares.
Embora o monitor de LCD esteja na frente, a tecnologia do plasma promete ser um passo adiante na transformação da TV e da tela do computador numa bolacha de não mais que 15 centímetros de largura. No mercado japonês, onde é mais difundida, já se prevê que até o ano 2000 a TV de plasma de 42 polegadas estará custando menos de 4.000 dólares. Além do produto da Fujitsu, já está à venda o fabricado pela Philips, por 12.000 dólares. Há ainda outras grandes empresas desenvolvendo equipamentos de plasma, como JVC, Hitachi, Sony, Sharp e Pioneer. A Panasonic aposta num modelo de tela larga, o Widescreen Digital Projection, também de 42 polegadas, que funciona como um projetor de imagens em uma tela grande, a partir de uma de cristal líquido. Todos eles serão capazes de captar as futuras imagens de transmissões de TV digitais, com alta definição.
A maior vantagem do aparelho de plasma é mesmo a definição da imagem. “Os monitores LCD ainda têm visão lateral prejudicada e muitas vezes a imagem parece artificial”, diz o gerente de marketing da Fujitsu no Brasil, Marcelo Molnar. As imagens de um monitor de plasma são formadas por uma tela composta de milhares de células que, ativadas eletronicamente, emitem luz nas cores azul, verde e vermelho. Essa fórmula permite a criação de imagens com mais de 16 milhões de cores diferentes. Por esse motivo, e por sua espessura reduzida, o monitor de plasma pode ser colocado na parede — como uma janela para o mundo.