Garotinho quer destinar R$ 4 bi para emergências

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Publicada em 22 de setembro de 2002
O Estado de S. Paulo

EDUARDO NUNOMURA
Um cheque de R$ 4 bilhões será destinado para programas de emergência nos
seis primeiros meses de 2003 num eventual governo de Anthony Garotinho
(PSB). Está incluída nessa agenda social a criação de programas como o
bolsa-auxílio para 4,2 milhões de jovens carentes, o cheque-cidadania para 1
milhão de famílias que vivem na indigência nas grandes cidades, a abertura
de 400 restaurantes populares e a distribuição de cestas básicas na zona
rural.
As promessas, segundo ele, podem ser viabilizadas com a redução da taxa de
juros. “Cada ponto porcentual a menos da taxa de juros corresponde a uma
economia de mais de R$ 2 bilhões para o Tesouro.”
Em respostas por e-mail, ele alinhavou medidas para reduzir as demandas
sociais. Prometeu aumentar o salário mínimo para R$ 280, criar 1,7 milhão de
empregos para atender os que ingressam no mercado anualmente, erradicar o
analfabetismo, combater o trabalho infantil, universalizar o saneamento
básico, construir 500 mil casas populares e assentar 1 milhão de famílias no
campo.
Na saúde, ele quer aumentar os recursos do Sistema Único de Saúde (SUS) para
R$ 32 bilhões. E extinguir a Contribuição Provisória sobre Movimentação
Financeira. “Vou acabar com a CPMF, mas no contexto de uma reforma
tributária que desonere exportações e investimentos produtivos.”
Garotinho quer destinar 25% dos depósitos bancários à vista para financiar a
agricultura e reduzir os juros do setor para 7% em 2003 e 6% em 2004.
Também pretende triplicar o número anual de assentados, atingindo 1 milhão
de famílias. Ao falar sobre o Movimento dos Sem-Terra (MST), ele disse que
seu “compromisso é com o respeito à lei”, mas vai avançar na reforma agrária
buscando o diálogo.

PT volta a conversar com FHC sobre crise

VERA ROSA
e EDUARDO NUNOMURA
O presidente do PT, deputado José Dirceu (SP), telefonou ontem para o
presidente Fernando Henrique Cardoso, a pedido do candidato Luiz Inácio Lula
da Silva, com o objetivo de ter uma avaliação mais clara sobre o cenário de
turbulência econômica, com fortes oscilações do dólar. Fernando Henrique
assegurou a Dirceu que há um “exagero do mercado” em relação à situação do
Brasil.
“A médio prazo, tudo vai se acalmar e o País está preparado para superar os
obstáculos”, tranqüilizou Fernando Henrique, repetindo o raciocínio
apresentado na véspera pelo presidente do Banco Central, Armínio Fraga. “De
modo geral, o atual cenário é atribuído aos problemas mundiais e a questões
internas, como a crise energética”, afirmou Dirceu.
Na conversa por telefone, não foi marcado nenhum encontro entre Lula e
Fernando Henrique. Mas, ao chegar a Juiz de Fora (MG), o candidato do PT
disse considerar necessário que o governo esclareça à sociedade as
“verdadeiras razões” para a instabilidade da moeda americana.
Preocupado com o que chamou de “terrorismo eleitoral”, Lula repetiu que o
governo tem “obrigação moral e ética” de mostrar por que o dólar subiu.
“Determinados setores da imprensa e adversários estão brincando com coisa
muito séria”, observou. “O governo precisa explicar por que o dólar
aumentou, ao invés de tentar passar a idéia de que é por causa das
eleições”. Lula atribuiu a desvalorização do real a mudanças feitas em
relação aos títulos cambiais. “O Banco Central errou quando colocou títulos
subordinados ao câmbio e errou agora ao tirar, em cima das eleições”.
Antes de saber que Dirceu já havia ligado para Fernando Henrique, Lula disse
que não pedira para se reunir pessoalmente com o presidente. Também negou
que vá promover um encontro com investidores, em mais uma tentativa de
acalmar o mercado.
“Existe um grupo de trabalho discutindo uma nova politica para o mercado de
capitais, pois queremos que ele se torne o centro de atenções para
investidores, inclusive para os pequenos”, contou o presidenciável. Para
Lula, a Bolsa de Valores de São Paulo é hoje uma entidade “quase quebrada”.
O petista destacou que é necessário reduzir urgentemente a taxa de juros,
para que as empresas consigam crescer e produzir. “Do jeito que está, é
inviável”, comentou.
Convescote – Tanto Lula como Dirceu insistiram em que o PT não será pautado
pelo publicitário Nizan Guanaes, responsável pela propaganda do candidato
José Serra (PSDB) no horário político. “O debate do programa de governo não
pode ser como o Nizan quer, pautado e agendado por ele”, comentou. “Isso é
uma campanha eleitoral, não é um convescote.”
Dirceu rebateu denúncia veiculada no programa de TV de Serra, na
quinta-feira, segundo a qual o governo petista no Rio Grande do Sul fechou
26 farmácias populares enquanto Lula tem defendido a proposta. “A acusação é
falsa”, reagiu o deputado. “Eram mini-indústrias, e não farmácias populares,
que atuavam de forma condenável, manipulando medicamentos impróprios para
consumo.” Dirceu apresentou documentos e reportagens mostrando que os
estabelecimentos foram fechados pelo governo do PT em ação conjunta com o
Ministério da Saúde. “E o ministro, na época, era Serra”, lembrou.

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