Publicada em 26 de dezembro de 2002
O Estado de S. Paulo
EDUARDO NUNOMURA
O futuro ministro da Previdência, Ricardo Berzoini, rebateu ontem as
afirmações de Fernando Henrique Cardoso de que o PT atrapalhou a reforma
previdenciária e de que, agora no poder, talvez consiga introduzi-la, com a
sua ajuda. “O presidente está tentando lustrar sua biografia. Ele sabe que o
PT tinha 49 deputados e só com eles seria impossível barrar a reforma”,
disse. Segundo o deputado petista, o erro foi do governo, que discutiu
simultaneamente as mudanças para os setores público e privado.
“Por mais combativa que a bancada do PT fosse, os próprios governistas
tinham dificuldade de defender as propostas do governo.” Para Berzoini, é
possível que, no comando da pasta, o PT mude a posição sobre “um ou outro”
tema. “O primeiro ano é decisivo para o governo Lula implementar as reformas
estruturais da sociedade, mas o ritmo político nem sempre é o mesmo.” Ele
diz que nesse período a reforma poderá ao menos resolver o problema fiscal
da Previdência.
O PT defende um sistema único de previdência, igualando o teto de
aposentadoria do servidor público e dos trabalhadores da iniciativa privada.
Pela proposta, a aposentadoria do INSS seria complementada com a de um fundo
de pensão. “Primeiro, precisamos discutir com a sociedade se a tese do
sistema único tem apoio”, disse.
“Tudo é questão de conversar. No que é direito adquirido, pessoalmente, acho
que não se mexe. Quem já tem tempo de contribuição, este deve ser
reconhecido”, comentou ele sobre dois pontos que poderão ser contestados por
entidades de classe, como a dos funcionários públicos. Hoje, eles podem se
aposentar com o último salário recebido na vida ativa, mesmo só tendo
contribuído a partir de 1992.
